quarta-feira, 14 de março de 2012

Terapia intensiva & Pediasuit

Em meados de 2010, descobri em minhas andanças pela internet, na busca de novidades para agregar ao meu trabalho, um método de reabilitação neurológica que me deixou fascinada. Tratava-se de uma terapia intensiva a qual utilizava uma órtese corporal diferenciada e tinha como proposta o ganho funcional em tempo recorde, comparado à terapia convencional. Um mês de terapia intensiva corresponderia ao ganho que seria obtido em de seis meses de terapia convencional. Fiquei extasiada com as informações que lia e com os vídeos que via sobre essa terapia. Coloquei-me a pesquisar arduamente por mais informações e cursos, quando descobri que o primeiro seria ministrado pela equipe da Therapies 4 Kids em outubro de 2010, me Botucatu, promovido pela Mover Fisioterapia Geral e Aquática em parceria com a UNESP. Fiquei maravilhada com a possibilidade de fazer esse curso, porém não foi possível, por motivos que não cabem aqui relatar, mas, as coisas não acontecem por acaso. No ano passado, durante a formação na Abordagem MAAF – Manuseio de atividades e adequação funcional, ministrado pelo Profº Drº Carlos Monteiro – conheci a responsável pelo feito de trazer ao Brasil o 1º curso de Terapia Intensiva e Pedisuit, a fisioterapeuta Amanda de Oliveira, cujo trabalho sempre acompanhei pela internet. Fiquei eufórica, era um imenso prazer ser colega de turma de uma fisioterapeuta a qual admirava. Desde então nos tornamos amigas e devo agradecê-la por ter me recebido de braços abertos em sua clínica, para me mostrar em detalhes como funciona esse primoroso método de reabilitação.
Bom, agora sem mais delongas, vou escrever sobre o que é esse método do qual tanto falei até o momento..rs
O Pediasuit é uma órtese corporal composta por colete, shorts, touca, joelheiras e calçados adaptados, confeccionado em tecido confortável e dinâmico, ajustado por tracionadores elásticos, responsáveis por promover o alinhamento biomecânico, fornecer a propriocepção da postura correta, trabalhar a reorganização músculo-articular necessárias para otimizar o controle postural e a função global, além de favorecer a normalização do tônus muscular, da função sensorial e vestibular.
A veste a qual me refiro, foi aprimorada a partir de outras vestes que surgiram com o objetivo de auxiliar no tratamento de crianças com paralisia cerebral. A idéia de confeccionar uma órtese corporal, responsável por facilitar o alinhamento corporal e facilitar os movimentos funcionais, surgiu a partir do olhar terapêutico para uma roupa utilizada por astronautas russos, com o objetivo de neutralizar os efeitos nocivos causados pela falta de gravidade no espaço.
Inicialmente, essa roupa era utilizada somente no tratamento de pacientes com paralisia cerebral. Hoje, são muitos os casos que podem ser tratados com o auxilio dessa veste. Além da paralisia cerebral, pacientes com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, traumatismo crânio encefálico, acidente vascular cerebral, ataxia, atetose, hipertonia, hipotonia, autismo, síndrome de down, síndromes genéticas, espinha bífida e má formação congênita, tem se beneficiado enormemente dos resultados que essa roupa proporciona, juntamente com a terapia intensiva.
Como já conheceram um pouquinho do Pediasuit, vou escrever sobre a terapia intensiva na qual é utilizada essa roupinha.
A terapia intensiva com o Pediasuit, consiste num programa de reabilitação de aproximadamente 80 horas, distribuídas em um mês, realizadas 5 dias na semana por aproximadamente 3-4 horas. Essas horas são divididas em quatro etapas a serem seguidas.
1.Etapa: São realizadas mobilizações articulares, alongamentos, massagens, exercícios de aquecimento, fortalecimento muscular, onde pode optar-se por realizar os movimentos isolados ou combinados, em suspensão com ou sem carga;
2.Etapa: O treinamento evolui permitindo que o paciente continue realizando movimentos isolados, combinados ou suspensos, porém, agora utilizando o Pediasuit. Os elásticos, que tem como função imitar a ação muscular, através da tração que é realizada, permite o ajuste de padrões próximos a normalidade, facilitando o movimento coordenado e inibindo reflexos;
3.Etapa: Nesse estágio, são trabalhados exercícios que visam o ganho de força, estabilização, equilíbrio, coordenação motora, habilidades funcionais, descarga de peso e integração sensorial, utilizando-se do spider- cinto ligado à gaiola por elásticos. Essa fase permite maior liberdade de movimento e independência ao paciente;
4.Etapa: Desaceleração e relaxamento. Nessa fase pode ser utilizado recursos como à hidroterapia ou associar atividades mais leves com o trabalho realizado por outras áreas da equipe multidisciplinar, como é o caso da fonoaudiologia e da terapia ocupacional.
Benefícios:
•Reaprendizagem através da neuroplasticidade;
•Proporcionar estabilização externa;
•Adequar o tônus muscular;
•Adequação postural, buscando um alinhamento próximo ao normal;
•Proporcionar correção dinâmica;
•Corrigir padrão da marcha;
•Proporcionar a estimulação tátil;
•Influenciar o sistema vestibular;
•Melhorar o equilíbrio e coordenação motora;
•Promover a diminuição dos movimentos involuntários (ataxias e atetoses);
•Devolver consciência corporal e propriocepção (articulações, ligamentos, músculos);
•Permitir o aumento da densidade óssea;
Contra-indicações e precauções:
•Crianças menores de 24 meses ou 12 kilos;
•Subluxação de quadril maior que 30%;
•Contraturas articulares ou musculares graves, que não permitam o alinhamento biomecânico próximo do normal na postura em pé.
•Convulsões não controladas;
•Pressão arterial elevada;
Em breve postaremos uma entrevista, realizada por mim e pela fisioterapeuta Marina Nicola com a também fisioterapeuta Amanda de Oliveira, sobre as novidades da área. Aguardem! Quem quiser saber mais sobre esse método, fique ligado no blog e podem enviar perguntas.
Seguem algumas fotos minhas, vivenciando o método, na clínica Mover Fisioterapia Geral e Aquática, em Botucatu.
Abraços
Aline

Um comentário:

  1. Parabéns meninas!!! O que faz a diferença na nossa profissão são pessoas que acreditam o quão importante é o nosso papel na qualidade de vida das pessoas. Realmente hoje chego a conclusão que um fisioterapeuta não vira, ele nasce.
    Poder trazê-los para realização do primeiro curso de Terapia Intensiva & Pediasuit aqui na Unesp em Botucatu, foi dar um upgrade em minha carreira além de beneficiar os pacientes que batalham a cada dia para uma vida melhor e mais independente.
    A utilização dessa terapia é altamente benéfica e auxilia os pacientes com deficiência.

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